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domingo, 17 de março de 2013

Capítulo 18 - Nothing ever goes according to plan

Depois do baile de formatura finalmente vieram as férias. Estávamos receosos com isso porque logo depois iríamos para a faculdade. O que implica em mais responsabilidade e mais dor de cabeça. Mas o que queríamos naquele momento era descansar. Anthony iria para Michigan passar as férias com sua mãe e tinha nos convidado para acompanhá-lo. Hillel e Flea aceitaram o convite no mesmo instante, Jack teve que recusar, pois viajaria com os pais e eu... Bom, meu pai não é do tipo que me deixa viajar com três moleques irresponsáveis para outro estado, mas mesmo assim eu fui falar com ele. E como eu já esperava, ele disse não. Hillel e Anthony fizeram de tudo para convencê-lo, mas não deu certo. Era definitivo, eu não viajaria para Michigan. Mas Anthony não é o tipo de pessoa que aceita não como resposta.
Faltavam exatamente quatro dias para viajarem e eu estava chateada. Teria que passar as férias completamente sozinha enquanto meus amigos e meus pais viajavam. Eu poderia ter ido à Seattle na casa do meu tio Larry com meus pais. Mas servir de babá para meu primo pentelho não é exatamente o que espero para as férias.
Eu estava arrumando minhas coisas, afinal eu não estudaria mais na Fairfax, o que quer dizer que meu pai não me deixaria mais morar na casa dos meus tios. Hillel me ajudava a empacotar tudo e reclamava enquanto dobrava minhas roupas.
– Porque você não enfrenta seu pai e fica aqui? – Eu ri. Ele realmente achava que meu pai iria me deixar com “o meu primo tarado”? Meu pai não sabia do nosso namoro e sempre estranhou que eu andasse mais grudada ainda com o Hillel ultimamente, mas é claro que eu não contei a verdade, e não vou contar tão cedo.
– Sabe que eu não posso. Eu quero, mas não posso.
– Não pode porque? Você nunca pode nada, sempre isso ou aquilo... – Ele disse colocando minha jaqueta na mala.
– Você conhece meu pai, Hill. E sabe que as coisas não são fáceis para eu poder enfrentá-lo.
– Tá, mas você também não deveria deixar de ter sua vida e viver em função da dele.

Eu apenas sorri, Hillel sabia como eram as coisas com meu pai e se ele descobrisse o que estava acontecendo eu nem sei o que poderia acontecer e ainda bem que nunca deu tempo de descobrir.
Depois de arrumar todas as minhas coisas, meu pai já havia chegado para me buscar e estava colocando todas as minhas coisas em seu carro com a ajuda do meu tio. Fiquei lá em cima enquanto isso me despedindo temporariamente do Hillel porque ele iria para Michigan e eu apodreceria em casa.

– Vou sentir sua falta. – Disse Hillel me beijando carinhosamente.
– Eu também, mas espero que seja divertido pra você lá em Michigan.
– Eu queria que você fosse.
– Eu sei, também queria ir.
– MAGGIE, JÁ ESTÁ TUDO NO CARRO, VAMOS LOGO! – Gritou meu pai.
– Bom... Tenho que ir, Hill.
– Pois é... – Hillel me beijou mas logo esquivei porque meu pai poderia aparecer e ver, então aquilo seria motivo para uma terceira guerra mundial. Mas ele tentou me beijar novamente e resultou em um beijo na orelha.
– Tchau, Hill... Tchau. – Falei rindo.
– Tchau, Maggie. Eu te amo.
Ouvir o Hillel me dizendo aquilo me fez ficar parada por alguns segundos, eu acho que não processei muito bem aquelas palavras e minha única reação foi sorrir. Eu o amava, mas acho que nunca havia dito isso a ele.
Me despedi dos meus tios e lhes agradeci pela hospitalidade e por tudo que fizeram por mim enquanto morei com eles. Desci as escadas do prédio angustiada, porque estava sendo difícil me despedir da vida fácil sem meu pai em meu pé todos os dias.
 Em algum momento eu estava parada no tempo, observava a rua e o sol que estava se pondo. Estava tão distraída que a mochila nos meus ombros caiu, o que me fez acordar daquele transe.
– Sua desastrada. – Disse Anthony rindo e pegando minha mochila do chão.
– Eu... Me distrai.
– Sei...
– O que faz aqui?
– Vim aqui para ver umas coisas da banda com o Hillel. Já está indo?
– É, tenho que ir. Ele está lá em cima. Tchau. – Falei abrindo a porta do carro do papai.
– Espera... – Disse ele me pegando pelo braço.
– Sim?
– Bom, você não vai mesmo pra Michigan conosco? – Anthony me sussurrou isso enquanto eu olhava para meu pai que não estava muito feliz em me ver conversando com ele.
– Não dá, já falei. – Sussurrei de volta.
– Toma. – Disse ele me entregando um papel dobrado.
– O que é isso?
– Não abre agora. Leia em casa quando estiver sozinha, entendeu?
– Porque? O que tem aqui?
– Só faça o que eu disse. Leia sozinha e cuidado para que não vejam.
– Vamos Maggie, está escurecendo e sabe que não gosto de dirigir a noite. – Reclamou meu pai.
– Tudo bem pai... Tchau Anthony, espero que tenha ótimas férias.
– Nós vamos ter, Maggie.
Anthony sorriu e subiu para a casa do Hillel, eu estava curiosa para saber o que tinha naquele papel, mas deixei para abrir sozinha porque vindo dele, nunca se sabe.
Chegamos em casa e eu fui direto abraçar minha mãe. De uma coisa eu sentia falta, o perfume doce e os carinhos dela. A dei um beijo no rosto e corri para o banheiro enquanto meu pai me gritava para ajudá-lo. Tranquei a porta e abri o papel o mais rápido que pude.

“Arrume as malas que eu passo na sua casa para pegá-las amanhã a noite. Encontre a gente na cafeteria no dia da viagem. Divirta-se fugindo de casa, Maggie.

 Anthony.”

Fugir? Anthony queria que eu fugisse para Michigan? Mas o que ele tem na cabeça? Isso era loucura. Mas mesmo assim fiz o que ele pediu. Depois de ajudar meu pai a entrar com minhas coisas e arrumar meu quarto,  minha mala estava pronta e eu só teria que esperar até a noite seguinte.