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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Capítulo 15 - I’ve had a chance to break

— Narração de Anthony —
Nossos corpos estavam colados e suados, Maggie gemia ao meu ouvido e gritava meu nome uma vez ou outra. Eu me sentia melhor do que nunca, um misto de prazer e culpa. Apertava e chupava seus delicados seios enquanto a penetrava violentamente e Hillel assistia a tudo em silêncio. Me sentia mal por ter traído a confiança dele, mas em compensação estava enlouquecendo na cama com Maggie. E eu não forçara ninguém a nada, foi por livre e espontânea vontade. A culpa não era minha.
Ouvi um barulho estrondoso de panelas caindo e levantei assustado, batendo a cabeça na quina da janela, que estava aberta, e sentando na cama. Não passava de um sonho. Acariciei a cabeça dolorida e fui para a cozinha, onde meu pai jogava as panelas de volta para o armário embaixo da pia.
— O que houve? — perguntei sonolento enquanto abria a geladeira.
— Não é óbvio? — rebateu, grosso.
Peguei meu skate e fui para a escola, sem comer ou beber nada, não estava com cabeça pra aguentar meu pai de mau humor. Cheguei na escola e o sinal ainda não tinha batido. Maggie estava sentada embaixo de uma árvore abraçada a Hillel. Logo o sonho veio a minha mente. Porque aquilo precisava me atormentar tanto? Ela era só mais uma garota. Sentei ao lado deles e botei o skate no colo.
— Bom dia.
— bom dia. — Maggie disse sorrindo, e eu sorri de volta.
— bom dia. — dessa vez foi Hillel.
Ficamos ali esperando o sinal bater, eu não conseguia dizer uma palavra. Eles trocavam caricias e eu observava pelo canto do olho. Finalmente o sinal tocou e eu esbarrei com Flea no corredor.
— Oi. — ele disse ofegante. — Me atrasei.
Fomos pra aula e eu não estava prestando atenção em nada, por mais que quisesse, não conseguia. Passei o dia de cabeça cheia. No intervalo, contei o sonho para o Flea. Que riu e disse que eu estava obcecado por ela. Mas não é isso, eu acho. Não importa.
Saímos da escola e fomos direto para a praia. Estávamos jogados na areia, debaixo de uma árvore e eu tinha ascendido um cigarro e fiquei olhando pra ele, sem nem por na boca.
— Ei, se não vai fumar, apaga essa merda. — reclamou Maggie. Sorri e levantei, indo na direção contrária a que eles estavam e sentando na areia. Flea veio se sentar ao meu lado.
— Sabe o que é? — ele perguntou.
— Ahn?
— Você sabe, o que sente por ela...
— Talvez, só talvez, você esteja certo.
— Por quê não conta a ela? - ele tirou o cigarro de entre meus dedos e botou na boca.
— Contar vai trazer complicações.
— Que tipo de complicações?
— Hillel, é óbvio. Além dele ser meu amigo, é melhor pra ela do que eu vou ser. Tudo está tão bem assim, porque complicar?
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Então né, fiz esse com a narração do Anthony prq achei q ficou melhor do que em terceira pessoa. Pode ter ficado meio gay dms, sla. Não sou menino u.u Enfim sçdlgkd~sçlgk espero que gostem []

domingo, 20 de janeiro de 2013

Capítulo 14 - Psychic changes are born in your heart

— Qual o problema? — perguntou Flea, entregando uma caixa de fósforos na mão de Anthony.
— Eu não sei direito, cara. Só não consigo tirar ela da cabeça desde aquele dia, você sabe, que eles estavam... — Ele não conseguiu terminar de falar, ascendeu o cigarro que estava em sua boca.
— Anth, você não acha que talvez você esteja gostando dela?
— Claro que não, tá louco? — ele tirou o cigarro e espirou a fumaça.
— Não se faz de burro, porque eu sei que você não é. Você gosta dela, pode não estar apaixonado, mas alguma coisa você sente. O que pensa exatamente quando está pensando nela? — Anthony parou para pensar um pouco.
— Ultimamente, no quanto ela me irrita e me faz querer socá-la. Mas, depois vai mudando, e eu começo a lembrar daquele dia, a cena fica girando na minha cabeça. O corpo dela, os seios particularmente, os gemidos, a cara que ela fazia. Aí eu lembro dele em cima dela, e eu sinto uma coisa estranha, não sei o que é, raiva talvez.
—  Acho que você só a deseja. E ficou com raiva, porque o Hill conseguiu foder com ela e você não. — eles riram — Ou você simplesmente está apaixonado, senhor Kiedis.
— Cala a boca, não estou apaixonado. Principalmente sendo ela, não sei como Hillel a aguenta.
— Ele é gentil com ela, seu babaca. Gentileza gera gentileza, e por isso ela é gentil com ele. E você, bom... — Flea soltou uma risada abafada — Você a provoca mais do que qualquer um.
— Eu gosto de ver ela irritada, é engraçado. Ela é toda nervosinha, isso me diverte.
— Mas as vezes, você extrapola.
— Tanto faz, melhor assim. Se eu estivesse apaixonado... — Anthony parou de falar imediatamente assim que Hillel entrou no quarto.
— Quem está apaixonado? — perguntou Hillel.
— Só você, todo idiota por aí. — respondeu Anthony.
— O que eu posso fazer, ela é tão encantadora. — disse soltando uma risada abafada.
— É, tanto faz. — Anthony se levantou — Tenho que ir.
— Já? Porque? — Perguntou Hillel.
Ele foi embora sem dar uma resposta. Ele não sabia direito o que se passava dentro dele, e precisava descobrir isso logo. Antes que alguém descobrisse por ele.
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Esse capítulo ficou uma bosta porque to com bloqueio criativo ): scr. Vou tentar fazer algo que preste o mais rápido possível e postar p vocês sz

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Capítulo 13 - It’s getting longer all the time


— Eu já vou seu idiota, para de gritar. — gritava Maggie para Anthony através da janela da sala de estar.
— Anda logo, nunca vi demorar tanto pra se arrumar. — gritou ele de volta.
Anthony ascendeu o cigarro que estava pendurado em sua boca e entregou o isqueiro na mão de Flea. Hillel apareceu na frente deles descendo as escadas.
— Porque ela tá demorando tanto? — perguntou Anthony. — Achei que fosse organizada demais pra isso.
— Meio que foi culpa minha. — respondeu Hillel pegando um cigarro do maço que Flea segurava.
— Não me diga que você quis transar com ela a essa hora da manhã? — gritou Anthony.
— Cala a boca, não foi nada disso. — respondeu Hillel dando um tapa na cabeça do amigo e ascendendo o cigarro com o isqueiro de Flea.
— É assim agora? Todo mundo pega minhas coisas sem pedir? — reclamou Flea.
— Olha só quem fala, né. — respondeu Jack, rindo.
Maggie desceu as escadas correndo e parou em frente aos meninos.
— Achei que tivesse morrido lá em cima. — disse Anthony.
— Culpa do seu amiguinho, meu querido. — disse ela apontando para Hillel e fazendo careta por causa do cheiro de cigarro. — Vocês tem mesmo que fumar a essa hora?
— Ora, deixa de ser fresca. — disse Anthony que logo em seguida deu uma tragada no cigarro e expirou a fumaça no rosto de Maggie, a fazendo tossir.
— Filho da puta! — exclamou ela — Desgraçado, tomara que morra engasgado com essa porra. — dizia ela enquanto socava as costas de Anthony.
Maggie passara o resto do dia com raiva dele. Ela estava sentada no final do corredor, mexendo em suas anotações das aulas mas foi interrompida por um beijo de Hillel.
— Tem que ser agora mesmo? — perguntou ela.
— Poxa, foi só um beijo. — respondeu, sentando-se ao lado dela.
— Desculpa. — disse ela, guardando o material que estava espalhado pelo chão, dentro de sua velha bolsa marrom.
— Tudo bem — ele sorriu, se levantando. — Vamos, os meninos estão esperando.
— Será que podemos não ficar com eles? — Perguntou ela, que já estava à frente dele.
— Porque? Não me diz que é por causa do Anthony.
— Meu cabelo tá fedendo, e ele fez com toda aquela arrogância dele.
— Megs, esquece isso. Só você não falar com ele, sério. E tem o Flea e o Jack lá. E tem eu também. — ele já estava a puxando gentilmente pelo corredor.
Flea estava segurando o cigarro em uma mão e batendo na cabeça de Anthony com a outra.
— Lá vem eles. — disse Jack, que estava apoiado na árvore, de frente para Anthony e Flea.
— Assim que ela chegar aqui, sem enrolação. — disse Flea. — Você só faz coisa pra irritar a garota, deixa de ser idiota. Sabe que ela detesta isso. — Flea parou de falar assim que eles chegaram. — Oi Maggie, achei que não vinha ficar com a gente.
— Oi Flea... Jack. — disse ela, sorrindo.
— Oi, né. — disse Anthony a encarando, mas sem obter resposta. — Não vai falar comigo? Fresca.
Anthony podia sentir os olhares de reprovação dos três meninos em cima dele, mas não se importava.
— Sou fresca? Ótimo. — ela sorriu irônica para ele.
Até quando Anthony continuaria com aquela arrogância, era impossível saber. Ele mudava de humor constantemente, e aquilo irritava qualquer um. E do outro lado tinha Maggie, temperamental e revoltada com tudo na vida, mas determinada. Quando enfiava algo na cabeça, não havia um que conseguia fazê-la mudar de ideia.
Eles estavam perto da casa de Hillel, quando Anthony puxou Maggie pelo braço a afastando dos outros.
— Ei! — disse ela imediatamente.
— Quero falar com você.
— Que tal, “Maggie quero falar com você.’’?
— Não iria querer, então tem que ser a força. — Hillel já estava parado, observando os dois. — Ela já vai, é rápido. — disse Anthony, fazendo sinal para que o amigo continuasse seu caminho.
— O que você quer?
— Desculpa. Eu não acordei muito bem hoje, e você ainda se atrasou. Pode ser que eu tenha me irritado um pouco.
— Não me atrasei porque quis.
— Vai me desculpar ou não?
— Tanto faz.
— Isso não é uma resposta exata, e eu quero uma resposta exata.
— Eu te desculpo, feliz? Será que posso ir agora?
Anthony a soltou e os dois caminharam de encontro aos amigos. Anthony e Maggie estavam brigando com cada vez mais frequência. Eles realmente eram parecidos demais, como Flea sempre dizia. E talvez aquele fosse o maior problema pra difícil convivência.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Capítulo 12 - Take it and everything will be okay


Já era setembro e as aulas começariam em exatos dois dias. Maggie, organizada como sempre, estava revisando tudo que precisaria para a escola. Depois de ler e reler a lista comparando com tudo que tinha por mais umas três vezes, finalmente se convencera de que não faltava nada. Jogou a mochila de lado e deitou-se em sua cama. Estava perdida em seus pensamentos e lembranças. Havia percebido o quanto sua vida mudara em tão pouco tempo. Ela tinha tudo que uma garota de 15 anos poderia querer. Amigos ótimos, bom gosto musical, ótimas notas e é claro, um namorado. Sim, namorado! Hillel a pedira em namoro a cerca de cinco dias. Ela e os meninos estavam passeando na praia quando ele a chamou pra conversar.
"— Então megs, faz um tempo que a gente tá junto e eu queria tornar isso oficial de uma vez, o que acha? Quer namorar comigo?"
Mesmo não sendo loucamente apaixonada por ele, ela aceitou. Ele era fofo, carinhoso e os dois se conheciam a vida inteira, ele a conhecia melhor que ninguém. Com o tempo ela aprenderia a amá-lo como mais que o melhor amigo de infância. Talvez ela estivesse se convencendo daquilo para não machucá-lo, mas que mal havia em tentar?
Anthony não estava de muito bom humor e decidira andar sozinho por aí. Pegou seu skate e simplesmente saiu, sem rumo certo. O porque de tanta aflição ele não sabia, mas precisava esfriar a cabeça. Ele estava irritado desde que pegara Hillel e Maggie transando em seu quarto.
"— Não cara, espera que eu vou pegar meus cigarros e eu já venho. — disse ele para Flea e se voltando para a porta do quarto. Ele a abriu já gritando: — To entrando, to entrando! — Ele já esperava que eles estivessem “envolvidos demais” digamos, e mesmo assim ficou incomodado ao ver a cena. Margaret mordia os lábios para conter os leves gemidos enquanto Hillel acariciava seus seios a penetrando devagar. Ele os assustou, eles pararam e Maggie encarava a parede, envergonhada e Hillel dava bronca em Anthony para que saísse do quarto. — Opa! Desculpa, desculpa. — disse rindo, uma risada mais forçada que o normal. Agora ele já estava do lado de fora de casa, junto com Flea, se perguntando o porque de ter se incomodado com aquilo. “Na minha cama” pensou ele, concluindo por fim que aquele talvez tivesse sido o motivo maior."
Anthony só tentava tirar todas aquelas coisas da cabeça, não sabia exatamente porque se sentia assim, mas precisava fingir que nada tinha acontecido.
Agora Maggie e Hillel estavam espremidos na pequena cama de solteiro dela, olhando o sol se por e trocando carícias.
— O tempo passou tão rápido. — disse Maggie, quase que em sussurro.
— Passou. Mas com certeza é porque tem coisas melhores vindo à frente. — respondeu ele sem tirar os olhos dela.
— Boas e assustadoras. Toda a liberdade e independência que está por vir, me assusta. Quero dizer, e se eu não conseguir tudo que quero? Não conseguir ser alguém na vida? Eu não quero que seja assim, quero que dê tudo certo. — ela suspirou em seguida.
— Para de pensar assim. Mostra a coragem que tem dentro de você, enfrenta tudo sem mostrar o medo. Porque você consegue. É inteligente, esperta. Vai conseguir. — disse ele enquanto acariciava a pele suave dela.
— Mas, e você? Não tem medo? — perguntou.
— Eu não costumo pensar nisso tudo, e quando penso simplesmente tento me distrair. Não é saudável ficar se preocupando com essas coisas. Tudo vai acontecer em seu devido tempo e eu só tenho que esperar. Mas isso não significa que não deva correr atrás.
Ela sempre se impressionava com as coisas que Hillel a dizia, por mais óbvias e bobas que fossem, eram verdade. Maggie estava cansada e seus olhos teimavam em fechar. Ela acabara adormecendo e Hillel ficara ali observando cada detalhe de seu rosto. Ela não era a mais bonita do mundo, mas com certeza era, como Jack dizia, de tirar o fôlego. Ele achou graça ter pensado naquilo e continuou a examinar o rosto delicado de Maggie.
— Eu te amo Margaret. — sussurrou ele, dando um beijo na testa dela.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Capítulo 11 - No words... I know of to express


Maggie andava de um lado para o outro dentro de casa com Hillel a seguindo.
— Será que dá pra você parar de me ignorar? — dizia Hillel quase gritando, mas ela continuava arrumando a sala, o ignorando. — Fala comigo Margaret. Eu menti pra você, tá eu sei. Mas já faz três dias. Vai me evitar até quando? — perguntou ele, sem obter resposta. — Mas que porra. — ele a segurou pelo braço e a empurrou na parede impedindo que ela fugisse dele.
— Me solta. — ela disse quase em sussurro. — Me solta, Hillel.
— Não vou te soltar até a gente resolver isso. — ela agora se debatia tentando se livrar dele.
— Não tem o que resolver, você mentiu pra mim e eu não gosto de mentiras, entendeu? — disse sem alterar o tom de voz. — Agora me solta.
— Eu não vou te soltar Maggie. Eu menti porque não queria que você ficasse com raiva de mim.
— E achou que ia esconder até quando?
— O objetivo não era esconder, era te polpar de aborrecimento. Porque eu sabia que você ia ficar com raiva. — disse ele a soltando.
— Eu não estou com raiva só porque você ta seguindo os passos do imbecil do Anthony, é por você ter mentido pra mim. O que achou? Que eu fosse parar de falar com você só porque se droga? Se fosse assim eu não seria amiga deles, muito menos do Anthony. — ela não saira do lugar.
— Me desculpa.
— Não é simplesmente pedir desculpa que tudo vai ficar bem. Isso é uma coisa pequena, por enquanto. Como vou saber que não vai mentir pra mim de novo? E por coisas que me machuquem mais. Você não mentia pra mim, somos amigos a vida inteira e desde que conheceu esses garotos, você mudou. — ela o encarava, esperando um pedido de desculpas melhor do que aquele.
— Olha, eu mudei contigo não foi por causa deles, foi porque eu me apaixonei. E a gente muda quando ta apaixonado. Se você não queria que fosse assim, me desculpa. — ela o encarava pensativa.
Ela queria perdoá-lo, mas o medo de que o erro se repetisse era grande.
— Me perdoa, por favor. — ele já estava implorando.
— Eu. — ela respirou fundo. — Eu te perdoo. Mas se você mentir pra mim de novo Hillel, eu não vou te perdoar, entendeu?
— Vem cá. — ele sorriu e a beijou levemente. — Você é tão cabeça dura. — sussurrou ele ao ouvido dela, fazendo-a sorrir.
Eles se sentaram no sofá e passaram o resto do dia abraçados assistindo televisão. Já passava de sete horas da noite e o telefone tocou. Hillel atendeu.
— Alô?
— Cadê você? A gente ta aqui te esperando a mais de meia hora. Não leva tanto tempo assim pra trazer uma guitarra pra cá. — disse a voz do outro lado da linha.
— Eu tinha esquecido, desculpa, Flea. — disse Hillel desconsertado.
— Esqueceu? Mas o que você ficou fazendo de tão importante?
— Maggie. — respondeu sorrindo. Ela o olhava, curiosa.
— Ata, então tudo bem. Mas vem logo, a gente ta esperando. E aproveita e usa a Maggie como burro de carga e trás o baixo também. — disse rindo.
— Pode deixar. Ela é um bom burro de carga. — Eles riram, deixando Maggie ainda mais curiosa.
— Tchau, vem logo.
— Tchau, cara. — Ele desligou o telefone e olhou pra ela.
— Quem era? — perguntou ela.
— Flea, ele disse pra eu te usar como burro de carga pra levar o baixo. — respondeu rindo. Maggie riu e revirou os olhos.
— Pra que ele quer?
— Pra tocar é claro, tapada. — ele deu um leve tapa na cabeça dela, mas que foi suficiente para que ela caísse pro outro lado do sofá.
— Não me diga. — disse irônica ao mesmo tempo que acariciava onde havia apanhado.
— Levanta daí, vem logo.
— Vou tomar banho primeiro.
— Não vai nada, eles já tão putos porque demorei, tudo culpa sua.
— Culpa minha o cacete, você que quis fazer as pazes comigo, eu não te obriguei a nada. — disse ela rindo e ele a beijou.
Anthony estava gritando algo indecifrável quando Hillel entrou no quarto segurando a guitarra e o baixo.
— Achei que fosse usar um burro de carga. — disse Flea, rindo.
— Vai se foder, seu nanico. — retrucou Maggie que já estava se sentando na cama.
— Mas o que ele acha que tá fazendo? — perguntou Hillel para Jack que ria da cara de Anthony.
— Eu sei lá, ta todo alegrinho hoje. Perguntei se era sexo e ele disse que não. — respondeu ainda rindo.
— Você é mesmo um retardado não é, moleque? — disse Maggie dando um chute na bunda de Anthony.
Ele se virou pra ela e a pegou pelas mãos a forçando a dançar.
— Porra! — exclamou ela. — Eu não gosto de dançar. — ela resmungava quase sussurrando e Anthony ria a fazendo dançar.
— Dançar é bom. Você não gosta de nada, deixa de ser chata, garota. — Ele a fazia dançar por todo o quarto abraçada a ele.
Mesmo não querendo, ela se deixava levar pelo que Anthony dizia e sabia que algum dia ia acabar fazendo algo errado, mas não chegava a se importar ao todo com isso.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Capítulo 10 - Minor thing


Desde que Anthony e Maggie ficaram amigos, ela deixara as paranoias excessivas de lado, aceitando melhor as coisas que os meninos faziam, mas nem tudo era tolerável.
Ela já tinha procurado por Hillel em todo lugar, só restava a casa de Anthony. Aquela era sua última esperança, bateu à porta. Ninguém abriu. Talvez não tivessem ouvido porque o som estava alto demais, bateu novamente e ninguém a atendeu. Resolveu entrar, todos entravam sem bater, ela seria só mais uma. Ninguém na sala e um cheiro fortíssimo de maconha vindo do quarto de Anthony.
— É melhor você não estar aqui, Hillel Slovak. — disse para si mesma.
Ela abriu a porta do quarto e o cheiro fez com que ela tossisse. Hillel arregalou os olhos ao ver ela na porta e Anthony apenas sorriu para ela.
— E ai, Maggie. Veio se juntar a nós? — disse Anthony ainda sorrindo.

— Narração de Hillel —

Eu já estava meio chapado, mas não o suficiente para fazer o mesmo que Anth. Eu sabia que ela ficaria, ou melhor, estava brava comigo e que não iria ser legal, mas mesmo assim continuei com o pouco de cocaína que estava em minha mão, afinal eu já tinha começado mesmo, jogar fora agora não faria muita diferença.
— Que porra vocês estão fazendo? — disse ela vindo em minha direção — Que porra você está fazendo, Slovak? — ela estava alterada e isso não era nada bom. — Marca comigo às oito, sai sem falar pra onde vai. Sabia que são — ela olhou no relógio de parede atrás de mim — nove e quarenta e seis? Eu te procuro em todo lugar e onde te acho? Se drogando com o babaca do Anthony. Olha pra esse lugar. — ela apontou a cama que estava com alguns restos de cocaína e cervejas. — Você se acha esperto né?
— Calma Maggie, não é nada demais. — disse Anthony que já estava de pé tentando acalmá-la.
— É, não é nada demais. — concordei.
— Você cala a boca, ta me entendo? Os dois. E eu acreditei quando você disse que não se drogava, mas que merda Hillel. — ela estava socando meu peito e eu não reagia, de forma alguma. — Você mentiu pra mim, logo pra mim.
Quando ela já estava prestes a chorar Flea voltou do banheiro e a puxou para fora do quarto. Foi a última vez que a vi naquele dia.

— Fim da narração de Hillel —

Flea pôs ela sentada no sofá e ela rangia os dentes.
— Calma, não precisa desse escândalo todo, é sério. — disse ele tentando acalmá-la.
— Não precisa? — disse ela, incrédula — Hill ta ficando igual a ele Flea, igual ao Anthony. A última pessoa que eu queria que ele se tornasse.
— Não é bem assim. Olha, Antwan nunca forçou Hill, a nada está bem? Se ele faz o que faz, é por vontade própria. Ninguém entra nesse meio apenas porque os amigos estão. E você é um exemplo disso.
Eles ficaram conversando por um bom tempo e depois Flea a levou em casa, quando voltou Hillel estava jogado em cima da cama com uma cerveja na mão e Anthony debruçado na janela. Quando viu Flea, Hillel se levantou em um pulo.
— E ai, como ela tá? — perguntou preocupado.
— Ela tá com raiva de você mais por ter mentido pra ela do que por estar se drogando.
— Menos mal, isso eu resolvo quando chegar em casa.
— Não, dá um tempo pra ela. Com certeza ela vai te procurar quando se acalmar.

Capítulo 9 - She looks to me all right


Uma semana havia se passado desde que Hillel se declarara para Maggie e eles estavam ficando cada vez mais próximos.
— Vocês estão se pegando, é? — perguntou Flea para Hillel.
— O que? Eu e Maggie? Não, infelizmente não. Ela não gosta de mim. — disse decepcionado.
— Sério? Nem um beijo? — perguntou Anthony sacudindo o resto de cerveja que estava em seu copo.
— Não, nada.
— Mas ela quer. — Anthony soltou uma risada abafada.
— Não quer, deixa de ser idiota.
— Claro que quer, ela não estaria tão grudada em você se não quisesse.
— Sabe, ele tem razão. — disse Flea.
— Morreu o assunto. — disse Hillel ao ver que Maggie estava voltando da cozinha.
— Do que falavam? — perguntou ela desconfiada.
— Nada demais. — respondeu Flea. — O que tem aí?
— Torradas, não achei nada melhor pra vocês comerem. Ou é isso ou é água. — disse ela estendendo a vasilha na direção de Flea.
— Tá ótimo — respondeu Hillel.
— Margaret, posso falar com você um minuto? — perguntou Anthony se levantando e indicando o quarto dele.
— Claro. — respondeu ela indo para o quarto seguida por Anthony. — Que foi?
— Você quer ou não quer ficar com o Slovak? — perguntou ele sem rodeios.
— Eu não sei. — ela se sentou na cama e ficou observando as árvores pela janela.
— Porque? Não é uma pergunta muito difícil de se responder.
— Eu tenho medo de estragar o que a gente tem. Ele é meu melhor amigo, moramos juntos, é meu primo. Ficaria tudo estranho se não desse certo. E também, ah sei lá Anthony. — ela suspirou.
— Olha — ele se sentou ao lado dela — eu acho que ficar vivendo de possibilidades não leva ninguém a lugar nenhum, você só vai saber se vai dar certo quando tentar. Se não der certo, que se foda. Não vão ficar de draminha por isso não é?
— Eu sei, mas é estranho.
— Só tenta, não custa nada.
Flea estava tendo aulas com Hillel todos os dias, o que significava que Maggie tinha menos tempo pra conversar com ele e decidir a situação dos dois, mas ela precisava fazer aquilo e logo.
Era por volta de oito horas da noite e Hillel e Maggie estavam jogados no chão da sala ouvindo Jimi Hendrix. Ele estava com a cabeça descansada no colo de Maggie e ela acariciava seus cabelos.
— “É agora ou nunca” — pensou ela, e lentamente foi aproximando seu rosto do dele o beijando na boca. Um beijo delicado e simples, mas que mudava tudo.
Hillel levantou e sorriu para ela, a segurou pela nuca e a beijou novamente.

Capítulo 8 - Why must I be a teenager in love


Hillel estava no quarto ensinando Flea a tocar baixo quando Maggie entrou e sorriu ao ver a cena.
— Como estão indo? — perguntou ela se sentando na cama, ao lado de Hillel.
— Ele tem talento. — respondeu Hillel.
— Bom, melhor do que eu com certeza ele é. — brincou ela os fazendo rir.
— Duvido que seja tão ruim assim.— disse Flea.
— Ela é boa, muito boa. — disse Hillel sem tirar os olhos do baixo que Flea segurava.
— Ah Hill, você só está sendo gentil. — ela sorriu para ele, deixando-o sem graça.
Anthony batia à porta, gritando para que alguém a abrisse. Maggie foi atender, deixando Flea e Hillel sozinhos.
— Mas que porra, seu merda. — disse ela ao ver o rosto de Anthony — Porque sempre tão escandaloso?
— Oi pra você também — disse ele entrando no apartamento e a entregando uma garrafa de Wisky que estava em sua mão.
— Oi. — ela fechou a porta depois de Jack ter entrado. — Oi, Jack.
— Oi Maggie — disse ele sorrindo.
— Cadê Flea? — perguntou Anthony.
— No quarto do Hillel, estão tocando. — respondeu ela colocando a garrafa em cima do sofá e aumentando o som do velho toca discos de James.
Já era final de agosto e as férias de verão acabariam logo. As coisas mudaram tanto na vida de todos nesse período que era difícil para adolescentes assimilarem tudo de uma vez.
— Então acabou? — perguntou Hillel empolgado.
— Sim, da pra acreditar? Atuando ao lado de Sylvester Stallone. — respondeu Anthony, acendendo o cigarro que estava em sua boca.
— Qual o nome do filme mesmo? — perguntou Jack que estava deitado no chão com os pés no colo de Maggie.
— F.I.S.T., lança daqui a dois meses. — respondeu ele soltando uma baforada.
— Eu quero ver, saber se você atua bem mesmo. — disse Maggie irônica, todos riram.
Anthony foi pra cozinha acompanhado por Hillel, ele mexia na geladeira procurando por gelo.
— Não acha que já deveria ter contado pra ela, Slovak? — disse Anthony pondo gelo nos copos.
— Eu quero, mas não tenho oportunidade. Quando não são vocês, é o James ou a minha mãe, sempre alguém pra me impedir de falar. — respondeu Hillel.
— Esse não pode ser seu maior problema, é tão idiota. Não sabe mentir Hill, não sabe.
— Eu estou falando a verdade, se não quer acreditar, aí não é mais problema meu. — disse enchendo os copos de Wisky.
— Tudo bem, acredito. Vamos resolver seu problema agora mesmo? — disse Anthony sem deixá-lo responder. — Maggie, vem cá. É muito importante. — gritou ele.
— Mas que porra ta fazendo? — disse Hillel frustrado.
— Resolvendo seu problema, é claro. — respondeu rindo.
Hillel murmurava xingamentos contra Anthony quando Maggie apareceu na porta da cozinha.
— Que foi? — perguntou ela para Anthony.
— Sei lá, o Hillel que quer falar com você. Com licença. — respondeu pegando os copos e voltando para o quarto.
— O que foi, Hill? — perguntou ela examinando a expressão preocupada no rosto dele.
— Maggie, eu... — disse ele sem coragem de terminar a frase.
— Ta tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupada.
— Não, é que eu... Quer dizer, aconteceu sim, ou não.
— Ei, o que aconteceu? Eu não to entendendo nada, me diz logo, to ficando preocupada. — ele sorriu e passou a mão no rosto dela e em seguida nos cabelos.
— Você tem que saber disso e eu preciso contar porque não dá mais pra esconder. Mas não quero que mude comigo nem nada do tipo, é a única coisa que eu te peço. Eu te amo megs, te amo mesmo. Eu estou apaixonado por você. — disse ele por fim.
Ele a deixara sem reação, aquilo tinha sido surpreendente. Mas ela não podia mesmo mudar com ele, não só porque ele havia pedido, mas porque aquilo seria injusto com os dois.

Capítulo 7 - Confide... cause I'll be on your side, you know I'll

Anthony se escondera atrás da porta e fizera sinal para que Flea chamasse Maggie.

— Maggie, vem cá, rápido. — gritou ele.

Ela foi do quarto para a sala correndo e Anthony pulou em sua frente, tentando assustá-la, mas não obteve sucesso. Ela o encarava, séria.

— Mas que diabos você — ela não conseguiu terminar a frase — mas, seu cabelo, cadê? — perguntou tocando nos poucos cabelos que restavam na cabeça de Anthony.

Ele havia os cortado na altura da orelha.

— Gostou? — disse ele sorrindo.

— Ficou legal, mas eu preferia o cabelo grande. Sabe, dava pra fazer penteados e rir da sua cara depois, agora não da mais. — ela fingiu estar decepcionada e Anthony riu.

— Mas ainda pode rir da minha cara.

— Claro, rir da sua cara é a coisa mais fácil de se fazer, você está sempre dando motivos. — disse ela rindo.

Maggie se sentou no sofá, ao lado de Flea, que estava revirando algumas caixas cheias de entulho. Ela pegou uma foto, que estava sobre algumas capas vazias de vinis, e sorriu ao ver três meninos. Eram Anthony, Flea e mais um que ela não conhecia.

— Como se conheceram, você e Anthony? — perguntou ela para Flea, que mexia em sua coleção se vinis, o fazendo soltar uma risada abafada.

— Final do ano passado. Antwan é o protetor dentro da escola, sempre defendendo todos que precisam. Ele me viu dando uma gravata em um moleque, disse pra mim que — ele riu e pigarreou — “Se afasta dele agora e o deixa em paz ou vai se ver comigo, seu covarde.” — disse ironizando a voz de Anthony a fazendo rir.

— Anthony, Anthony. — suspirou ela — Não sabia que ele era capaz de sentir compaixão. — Ambos riram.

Anthony estava fumando na janela quando Hillel apareceu ao lado dele.

— E aí? — disse Hillel e Anthony apenas balançou a cabeça — Me deixa perguntar uma coisa.

— Fala — disse ele sem tirar o cigarro da boca.

— Você e Maggie, não está acontecendo nada entre vocês, está? — perguntou receoso.

— Mas que pergunta é essa? Acha mesmo que eu seria capaz de fazer uma coisa dessas com você? Eu te amo, cara. Você é meu irmão. Eu não sou tão filho da puta assim. — respondeu Anthony indignado.

— Desculpa, é que vocês estão sempre juntos, achei que estivesse acontecendo alguma coisa. — disse ele cabisbaixo.

— Olha — Anthony tirou o cigarro da boca e se virou para Hillel — você não precisa se preocupar ta bom? Além do mais, eu nem tenho interesse na Maggie. Mas eu acho que você deveria falar pra ela o que sente.

— Eu não sei, vai que ela não sente o mesmo. Vou fazer papel de idiota.

— Nunca vai saber se não tentar. E se não sentir, não vai mudar muita coisa. Vai continuar do mesmo jeito com ela e tenho certeza de que ela vai continuar do mesmo jeito com você.

Capítulo 6 - And you'd come dancin' like a fool

Hillel e Anthony estavam dançando ao som de There’s a Riot Goin’ On da Sly and The Family Stone enquanto Maggie gargalhava observando os passos absurdamente desajeitados dos meninos.

— Nossa, dançando desse jeito vocês vão longe. — disse ela ainda rindo.

— Bem que você queria dançar como eu, admite megs. — disse Anthony a puxando pela mão.

— Claro, porque não. — ela riu — Se você atua tão bem quanto dança Anthony, está perdido.

Ele a fazia dançar enquanto ela tentava voltar para o sofá.

— Eu não quero dançar — resmungou ela — quero meu conforto, tava bom só olhar pra vocês.

— Deixa de ser chata — disse Anthony a jogando no sofá e se sentando ao seu lado.

— Eu não sei dançar, por isso não danço. — disse ela se ajeitando no sofá e dando um tapa na cabeça de Anthony.

— Antwan desgraçado, me dá um cigarro aí. — disse Flea, estendendo a mão para ele. Anthony jogou um cigarro para Flea e se virou de frente para Maggie.

— Vamos fazer uma loucura? — disse Anthony empolgado para ela.

— Que loucura? — perguntou receosa.

Anthony não a respondeu, só sorria, a assustando.

— Que diabos você está pensando em fazer, seu merda? — perguntou ela dando um tapa na testa dele.

— Ai, não precisa me bater. — ele acariciava onde havia apanhado. — Eu só quero te ensinar a se divertir, topa?

— Não, obrigada. Se eu me divertir como você, vou acabar presa. — disse ela rindo.

— Ah megs, não custa nada, vamos. — disse ele sacudindo o braço da garota.

— O que vamos fazer? — ela sorriu e soltou um suspiro.

— Vamos fumar um pouco, porque você não fuma, não bebe.. — disse ele esperançoso.

— Eu não vou fumar ou beber, seu retardado. — ela riu.

— Não custava nada tentar — disse ele deitando a cabeça no colo dela.

Anthony e Maggie estavam ficando cada vez mais próximos e ela estava se acostumando com as mancadas dele, além de descobrir coisas sobre ele que não fazia ideia de que podiam existir.

Capítulo 5 - These are the melancholy mechanics of my mind

Anthony estava sentado de frente para o balcão da cafeteria e eu estava a sua frente. Conversávamos tão animadamente que eu cheguei a esquecer com quem eu estava falando.
Lily não parava de nos olhar. O que só podia significar, é claro, que Anthony não queria mais nada com ela.

— Lily não para de olhar pra cá. Viu, é nisso que dá ser tão filho da puta.

— Ei, também não é assim. Não gosto interesseiras. — disse Anthony olhando-a.

— O que quer dizer?

— Ela quer ser atriz. Não é que eu ache estúpido, porque eu também quero. Mas ela esperava que eu conseguisse algo pra ela. Só porque uma ou duas pessoas que ela já viu fazer algo grande estão na minha casa pra comprar drogas ela acha que eu posso conseguir de tudo.

— Quer ser ator? — Acho que soei um pouco mais surpresa do que realmente estava.

— Sim, eu quero. Eu não nasci ter uma "profissão séria". Eu gosto de arte. Quero uma vida cheia de diversão, riscos ou qualquer coisa que não me prenda a monotonia.

— Eu só sonho em viajar o mundo, ver tudo que ele tiver pra mostrar. O lado bom e o ruim. Eu acredito que isso vá me amadurecer bastante. — respondi sonhadora, tomando o resto do semi-descafeinado que estava em minhas mãos.

— Você é madura, muito madura pra sua idade, eu acho. Pra onde pretende ir primeiro?

— Acho que pra Alemanha, visitar o Castelo de Neuschwanstein. — Suspirei levemente e sorri.

Anthony me olhava curioso e eu me perguntava no que ele estaria pensando. Mas logo deixei isso de lado e lembrei-me da primeira vez em que vira uma foto do castelo. Eu tinha mais ou menos 13 anos e estava em Seattle, na casa de minha avó, no dia de seu enterro. Papai mexia nas coisas dela sobre a cama tinha uma pilha de cartas e em meio a elas um cartão postal amassado e desbotado. Peguei-o com cuidado e olhei para a imagem. Um imenso castelo cercado de pinheiros. Virei o cartão e a mensagem dizia:
"Sei o quanto gostaria de estar aqui, querida. Espero te ver em breve.
Com amor, P."
Nunca soube quem era P, nem meu pai parecia saber. Mas isso não importava. A partir daquele dia decidi que o primeiro lugar que eu visitaria no exterior seria lá. Não sei o quanto aquilo era importante para ela, mas faria do mesmo jeito, em sua memória.
Eu não sabia se estava distraída demais ou se acontecera muito rápido mas quando percebi Lily estava parada ao lado de Anthony, o observando.

— Pois não? — perguntou ele, sorrindo.

— Vão querer mais alguma coisa? — disse ela, seca.

— Não, obrigado. Eu e a megs temos muito o que fazer, não é? — disse Anthony acariciando minha mão que estava sobre a mesa.

Eu me perguntava que tipo de jogo ele estava querendo jogar. Provocar uma garota com quem não quer sair não é uma coisa muito inteligente a se fazer. Principalmente se ela pode foder com a vida de seu pai. Lily ficava cada vez mais irritada e agora encarava a mão de Anthony ainda sobre a minha.

— Ah, sim. Tenho que levar o Anthony para reabilitação antes que ele morra de overdose. — ironizei.

— Engraçadinha. — disse ele após bagunçar minha franja. — Com licença. — disse à Lily.

Nos levantamos e Anthony deixou o dinheiro sobre a mesa.

— Aquilo foi estupidez da sua parte. Não precisava agir assim com a garota.

— Aposto que ela acha que estamos saindo. — disse Anthony soltando uma risada.

Por um breve momento eu havia esquecido como Anthony era. Ele estava me fazendo de boba e louca, hora fazendo adorá-lo, hora odiá-lo. Era frustrante.

— Tudo bem, já passei a tarde inteira de aturando. Será que posso ir pra casa agora? — Perguntei irritada.

— Ta bom. Até parece que foi um castigo, nossa. Mas aproveito e falo com Hillel.

Já eram seis e quinze da noite e eu já deveria ter feito a janta. Estava irritada por Anthony ter agido daquela forma. Por que justamente quando começo a gostar de quem você é, resolve se mostrar um imbecil de novo, Anthony Kiedis?

Capítulo 4 - To be myself in this dream

Anthony batia à porta incessantemente, e eu corri para abrir a porta.

— E aí, Little Maggie. Que demora pra abrir uma porta — disse ele já entrando no apartamento.

— Eu estava no banho, seu idiota. — respondi irritada, fechando a porta. Anthony apenas ignorou.

— Cadê o boiola do seu primo?

— Ele saiu, foi comprar alguma coisa, só não faço ideia do quê.

— Ah, então beleza, eu espero. — disse ele se jogando no sofá.

— Ele disse que vai demorar, quer mesmo esperar?

— Eu quero. — respondeu ele — A gente aproveita e conversa um pouco. Senta aqui. — ele sinalizou com a cabeça para que me aproximasse.

Sentei cuidadosamente ao lado dele. Anthony me olhava sorrindo.

— Então, por que você mora com o Hillel?

— Meus pais quiseram voltar para nossa antiga casa e eu não queria, então James deu a ideia de eu vir morar com eles. Meus pais não gostaram muito no começo, mas eu acabei convencendo os dois. — respondi, passando a mão em meus cabelos ainda molhados.

— Ah, sim. Sabe, devia andar mais com os cabelos soltos, ficam muito bem em você. — disse ele pegando uma mecha de meus cabelos castanhos.

Estava muito nervosa, não sabia por que, mas gostava. Era como se estivesse me acostumando com o jeito estúpido do Anthony, estupidamente charmoso. Mas o quê? Não, charmoso não.

— E você deveria cortar. Eu estava vendo as fotos no quarto de Hillel, uma que vocês estão na frente da sua casa, você está de moicano. Fica bem em você. — disse ela botando a mecha, que teimava em cair, pra trás da orelha.

— Não, agora eu quero uma coisa diferente. Pintar, talvez. — disse Anthony se levantando do sofá. — Vamos dar uma volta, está um dia lindo lá fora e um calor infernal aqui dentro.

— Mas você não ia esperar Hillel?

— Ia sim, mas ele vai estar aqui outra hora, certo? Afinal, é onde ele mora. — disse ele soltando uma risada.

Revirei os olhos e suspirei. Ela tinha mais o que fazer além de ficar passeando por aí com um vagabundo.

— Eu tenho que terminar de ler um livro imenso e ainda fazer o jantar. Minha tia vai trabalhar até tarde hoje e nenhum dos meninos vai se mexer pra cozinhar. — disse ela já se levantando na esperança de que Anthony fosse embora.

— Para, são quatro horas da tarde. Não vai fazer janta agora. E uma noite sem jantar não mata ninguém. — disse ele finalmente a convencendo. Maggie suspirou e foi abrir a porta.

Eles estavam andando e conversando como nunca antes. Como ele conseguira convencê-la tão facilmente ela não sabia, mas estava gostando de passear com Anthony. Ele realmente não era tão estúpido quanto parecia ser. Não que não fosse um idiota, só não parecia tão idiota quando se olhava direito. Ele mostrara a ela alguém que ela não conhecia, um Anthony diferente, um Anthony verdadeiro.

Capítulo 3 - I want to party on, party on your pussy

Spider abriu a porta do quarto.

— Tony, uma garota tá aqui pra te ver. — Anthony sorriu, Spider abriu caminho para a garota entrar no quarto e em seguida fechou a porta.

— Achei que não vinha mais. — ele a abraçou. — Pessoal, essa é a Lily. Lily, na cama é o Flea, na janela o Hill, aquele é o Jack e a mal-humorada ali no canto é a Maggie.

Dei um sorriso sarcástico em resposta e ele riu. Os meninos a cumprimentaram e Anthony sinalizou com a cabeça para que Hillel saísse da janela. Ele veio andando em minha direção, sorrindo.

— Seu pai parece ser um cara bem legal. E todas aquelas pessoas na sua sala. Você pode ter tudo que quiser sabia? Tudo. — disse a menina de cabelos loiros e olhos castanhos.

— Não é bem assim. — disse Anthony enquanto a observava.

— Claro que é. Você deve ter uma vida perfeita. — Lily passou a mão nos cabelos dele.

— Se você diz. — ele levou os lábios aos dela dando um leve beijo.

— Eu gostaria de ter sua vida. Muito melhor do que trabalhar como garçonete e tentar ser atriz. Você não pode conseguir nada pra mim? Afinal, olha bem as pessoas na sua sala de estar. — Anthony apenas sorriu e a beijou.

Hillel mexia nos livros da prateleira enquanto eu observava Anthony e Lily. Flea se ajoelhou na cama e me cutucou.

— O que foi? — ele com um meio sorriso no rosto.

— Nada, só estou olhando. — Respirei fundo.

— Você não vai muito com a cara do Anth, não é?

— Ele é um babaca, você tem que admitir. Olha só pros dois. — respondi, sem desviar o olhar dos dois.

— Ele é um cara legal, uma boa pessoa. Só que ele leva tudo na brincadeira, sempre. Não acho que seja uma coisa boa. — Olhei para Flea e suspirei.

— A vida não é brincadeira. — Olhávamos para Anthony.

— Sabe, devia sair mais com a gente, é divertido.

— Divertido estilo Anthony ou divertido? — Flea soltou uma risada.

— Porque implica tanto com ele?

— Detesto aquele garoto, é sério. Ele é metido, vagabundo, drogado, estúpido. Ele só me convida pra sair com vocês por causa do Hill.

— Isso não é verdade, ele gosta da sua companhia. Ele falou que você é meio cabeça dura e certinha demais, mas ele gosta. — disse Hillel se intrometendo na conversa.

— Como se ele fosse menos cabeça dura que ela né? — disse Flea, os três riram. — Me admira ele ainda não ter dado em cima de você. — O olhei assustada.

— De mim? — eu estava realmente surpresa.

— Claro. Afinal, você é uma garota, é bonita e tem uma buceta. Isso já o suficiente pro Anthony. — os meninos riram e revirei os olhos.

— Ele é mesmo um imbecil.

Anthony havia deixado Lily sozinha e ido falar com os amigos.

— Como está indo lá? Conseguiu alguma coisa? — Hillel perguntou rindo.

— O que você acha? Anthony Kiedis não brinca em serviço. — os meninos riram.

— Anthony Kiedis é um filho da puta e traça todas as garotas da cidade sem deixar pros amigos, isso sim. — retrucou Jack que tinha acabado de se juntar a eles. Anthony riu e fez sinal para que Lily esperasse.

— Será que vocês podem ir pra sala ou pra outro lugar da casa? Minha festa vai começar. — Anthony disse com um sorriso no rosto.

— E a gente tem outra escolha? — Eu disse saindo do quarto.

— Seu puto desgraçado, já vai transar com a garota? — perguntou Flea rindo. — Ela mal acabou de chegar.

— O que eu posso fazer se ela me quer? — todos riram.

Os meninos saíram do quarto e me viram conversando com Keith. Hillel me olhoue sorriu, tímida, sorri de volta. Os meninos foram andando em direção a cozinha.

— Cara, vê se tem alguma coisa por aí, to com fome. — disse Jack para Hillel que estava perto da geladeira.

— Você está sempre com fome. Me pergunto como pode se tão magricela assim. — disse Flea enquanto brincava com a torneira.

Hillel tirou uma cerveja e um cacho de uvas da geladeira e mostrou pra Jack.

— É tudo que tem, quer? — Jack tomou a garrafa de cerveja da mão dele.

— Isso era pra mim, as uvas que eram pra você, filho da puta. — Hillel abriu a geladeira, guardou as uvas e pegou outra cerveja.

— Beleza, quantos boquetes já pagaram pra vocês? — disse Flea sentando na pia e tomando a garrafa da mão de Jack.

— Eu sei lá, acho que nunca contei. — disse Jack pegando a cerveja de volta.

— Você nunca contou ou nunca fizeram? — disse Hillel em tom zombatório. Todos riram e Jack mostrou o dedo do meio para eles.

Entrei na cozinha e encostei a parede.

— Do que tanto riem?

— Você megs, quantos boquetes já fez? — perguntou Hillel me deixando sem graça.

— Isso não é pergunta que se faça pra uma garota Slovak, qual é. — disse Flea rindo e puxando-me para perto deles. — Margaret é uma dama. — nós rimos.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Capítulo 2 - Did I Let You Know

— Narração de Anthony —
Alguém bateu à porta e Flea foi atender. Era Maggie, estava linda. De cabelos soltos e de vestido, quantas vezes já a havia visto daquele jeito? Talvez tivesse sido a primeira. Hillel sorriu ao vê-la.
— Faz quanto tempo desde a última vez que se vestiu assim? — Perguntou Hillel aproximando-se dela. — Está linda.
Ele pegou-a pela mão e a guiou até o sofá. Ela se sentou ao lado de Jack e respirou fundo.
— Ei, Maggie. Adivinha quem Anthony convidou pra festa. — disse Jack. Ela imediatamente olhou para mim.
— Não me diga que foi a otária da cafeteria.
— A própria — Respondi. — Não a chama assim, poxa. Ela parece ser uma garota legal e eu não quero só levá-la para a cama. Eu to procurando alguém pra ficar comigo, de verdade.
— Claro, e logo depois vão se casar, você vai virar doutor, parar de se drogar e suas filhas vão para um convento. — Ela me fez rir, o que raramente conseguia com seu sarcasmo.
— Também não exagera, megs. Eu quero uma namorada, não virar santo. — Sentei-me ao seu lado.
— Espera um minuto, aquele é Keith Moon? — disse Maggie com brilho nos olhos.
— Quer falar com ele? Eu apresento. — Perguntei a fazendo se encolher no sofá.
— Não, obrigada.
— Qual é. Ele é super gentil, vamos lá, eu te apresento a ele.
— Não, obrigada Anthony. Eu tenho vergonha.
— Sério? Você tem vergonha? Logo você? Inacreditável. — Ri.
Os meninos conversavam animadamente quando meu pai, Spider, se aproximou.
— E ai, meninos? Quem é essa linda moça? Eles a estão fazendo de refém, querida? — Maggie sorriu envergonhada.
— Essa é Maggie, pai. — Maggie respirou fundo sem tirar os olhos de meu pai.
— Bom, podem ficar a vontade. — Ele bateu em meu ombro. — Tony, tem uma coisa pra você em cima da sua cama, vê se os garotos querem.
— Tá legal, pai. — Spider sorriu e se afastou de nós para falar com os outros convidados.
— Eu espero que vocês não se droguem lá dentro, entendeu Anthony? — repreendeu Maggie.
— Tudo bem, mamãe. Relaxa aí. Vem, vamos pro meu quarto.
Flea deitou em minha cama, Jack sentou na poltrona e Hillel no parapeito da janela enquanto Maggie olhava a prateleira de livros.
— Tudo bem por aqui? — Disse ao me aproximar dela, fazendo-a sorrir.
— Não sabia que gostava tanto de ler. Impressionante. — Ri.
— Obrigado. Eu posso ser bem interessante, basta a pessoa com quem converso ser interessante também. — Ela me olhou nos olhos e sorriu.

Capítulo 1 - Coffee Shop

Eu esperava por Hillel no canto da cafeteria e olhava constantemente pela janela enquanto rasgava o guardanapo. Ele não costumava se atrasar e estava começando a me preocupar.... Preocupada e sem paciência. Esperaria mais um pouco, se não aparecesse eu iria embora.
Joguei minha bolsa em cima da mesa, olhei para a porta e lá estava ele, seguido de Flea, Anthony e Jack. Mas é claro! O que mais faria Hillel se atrasar?
Os quatro vieram correndo em minha direção e se jogaram à mesa. Ele se sentou ao meu lado e me empurrou, os outros estavam à minha frente.
— Como é que tá, little Maggie? — Disse Anthony. Revirei os olhos e olhei para Hillel.
— O que vocês estavam fazendo que demoraram tanto? — Ele abriu a boca para responder, mas eu o impedi. — Quer saber, nem fala. Não quero saber.
Anthony sorria enquanto olhava o balcão da cafeteria.
— Ora, ora. Parece que tem uma nova atendente por aqui. Com licença, vou fazer uma boquinha. — Ele se levantou com um meio sorriso no rosto e se dirigiu até lá.
— Anthony não se cansa não é mesmo? Sempre fazendo merda por aí. Ele é um babaca, cara. — Reclamei.
— Mas bem que você queria estar com esse babaca, não é? — Flea disse rindo, ao se debruçar sobre a mesa.
— De onde você tirou essa ideia ridícula? — Joguei os restos de guardanapo em seu rosto.
Os meninos riram e eu revirei os olhos. Anthony voltou com um sorriso no rosto e se sentou ao lado de Jack.
— Parece que alguém conseguiu mais uma otária pra enganar. — Impliquei o olhando nos olhos.
— Parece que alguém está de mal humor hoje — Ele me provocou.
— Tanto faz. — Respondi revirando os olhos.
— Vai acabar ficando vesga, garota. — Anthony riu e mexeu nos cabelos. Jack riu, o empurrou e disse:
— Você não ia convidar a Maggie pra festa? — Automaticamente olhei para Anthony arqueando uma sobrancelha.
— Meu pai vai dar uma festa hoje, às oito. Vai ser legal, aparece por lá, cara.
— Ta bom, se der.
— Se der? Anda tão ocupada assim?
— Diferente de você Anthony, eu espero ser alguém um dia.