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domingo, 9 de junho de 2013

Capítulo 19 - Summer time to talk to and swear

Desculpa tanta demora pra postar D: Não é tão grande, mas tá aí né sdlçkfjsdçlkj
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Acordei no meio da noite com batidas à janela. Era Anthony e, segundo ele, estava pronto para fugir silenciosamente com minha mala. Lutávamos para que ela passasse pela janela.
– Deveria ter feito uma mala menor. – Ele sussurrava enquanto tentava abraça-la.
– O que você queria? Vamos passar muitos dias em Michigan. Cuidado seu imbecil, está fazendo barulho e meu pai pode ouvir.
– Ah, a propósito. Vamos ter que viajar hoje. – Larguei a mala e Anthony teve que lutar para segurá-la.
– O que? – Eu tinha falado alto demais e fazia careta com medo de acordar meus pais. – O que? – Repeti em sussurro.
– O trem sai às cinco da manhã.
– O que? Vamos de trem?
– A não ser que você seja rica e pague nossa passagem de avião.
– Não tenho dinheiro nem para a passagem de trem.
– Então pronto.
– Mas Anthony, e se meus pais não tiverem saído até lá?
– Aí você vai sair pela janela, ué. Agora me ajuda.
Anthony tentava puxar a mala de qualquer modo, mas ela estava emperrada no meio da janela. Então eu empurrava de um lado e ele puxava do outro. Ela finalmente decidiu sair dali e Anthony caiu no chão com ela por cima.
– Que tonto. – Falei rindo.
– Maggie? Que barulho é esse, filha? – Ouvi meu pai dizer antes de abrir a porta. Ótimo, eu tinha acordado meu pai.
– Droga! – Sussurrei.
– O que?
– Não, é que... – Eu dizia enquanto tentava olhar para o lado de fora a procura de Anthony. – Nada pai.
– Que barulho foi esse? – Ele disse olhando para a janela que não costumava ficar aberta a essa hora da madrugada.
– Nada pai, só caíram umas coisas... Mas já guardei. – Estranhei ele estar arrumado. – Vocês já vão?
– Sim. É um longo caminho até Seattle e queremos chegar cedo. Adoraríamos que fosse também. Seus tios sentem sua falta. E seu priminho também.
– Ah pai, fica pra próxima... Tenho que me organizar com as coisas para a faculdade, sabe disso. – Que desculpa ridícula.
– Eu sei filha. Você me deixa orgulhoso. – Ele sorriu para mim e beijou minha testa. – Vem, tem que se despedir da sua mãe.
– Eu já vou.
Ele mal saiu do quarto e eu corri até a janela. Anthony e minha mala estavam escondidos atrás dos arbustos. Ele fez sinal de que esperaria ali e eu assenti. Fui para o jardim da frente e meu pai estava fechando o porta-malas. Minha mãe veio me abraçar e meu pai entrou no carro.
Eu estava com o coração cortado por estar fugindo, mas queria muito fazer aquilo. De lá conseguia ver o Anthony que estava escondido nos observando. Em algum momento vi ele entrar pela janela do meu quarto.
– O que? Que idiota! – Pensei alto.
– Como é querida? – Perguntou a mamãe.
– Nada, mãe. Vou sentir saudades.
– Eu também, filha. Você promete que vai me ligar todos os dias? Não quero ficar sem notícias suas.
– Mamãe, só vou estar trancada dentro de casa.
– Ah, querida. – Ela pôs um pedaço de papel em minha mão. – Preste mais atenção por onde deixa suas coisas. – A olhei assustada.
– Desculpa, eu... Eu não queria... – Ela ria ao meu ouvido enquanto me abraçava forte.
– Tudo bem. Divirta-se. Mas por favor, tome cuidado.
– Pode deixar, mãe. – Eu sorri para ela. – Obrigada.
– Eu te amo. – Ela já estava entrando no carro.
– Também te amo. – Eu acenava para eles até o carro virar a esquina. Depois voltei correndo para casa e vi Anthony jogado em minha cama.
– Acho que eu não precisava ter feito todo aquele esforço para tirar sua mala daqui, afinal.
– Tira esses pés imundos da minha minha cama. – Eu disse enquanto o puxava.
– Chata pra caralho. – Ele se levantou e ficou de frente para mim. – Eu preciso ir à minha casa para pegar umas coisas. Vem comigo ou vai sozinha para a estação?
– Vou com você.
– Então vai se trocar logo. – Expulsei Anthony do meu quarto e troquei de roupa. Abri a porta e ele estava sentado no chão com minha mala ao seu lado.
– Pronta?
– É... Acho que sim, né.
– Não vai me dizer que está com medo e quer desistir...
– Claro que não.
– Então vamos. – Ele disse me puxando pelo braço.
Tranquei a casa e seguimos para a casa dele. Anthony estava muito a minha frente, ele tinha razão, deveria mesmo ter feito uma mala menor por que mal conseguia carregá-la. Ele bufava constantemente e parava para me esperar.
– Anda logo. – Reclamou.
– Está pesada.
– Desculpa, é que as vezes esqueço que você é uma garota. – disse rindo.
– Eu não sei se levo como elogio ou se fico ofendida. – eu sorri e ele tornou a rir passando a mão nos cabelos.
– Eu gosto, é como se você fosse um dos caras, um dos irmãos, sabe?
– Ah, claro. – respondi sorrindo.
– Eu levo para você, me dá. – ele tentou pegar a mala de minhas mãos.
– Não, eu levo. Você duvida da minha capacidade? Mas eu não sou uma garotinha indefesa. – aquilo acabou não soando como uma brincadeira, mas Anthony achou graça por eu parecer irritada. Grande novidade, ele sempre achava mesmo.
– Como quiser, megs. – ele riu.
Depois de muito esforço e tropeções finalmente chegamos à casa dele. Anthony estava morando com um amigo que eu não conhecia, e ele nem se deu o trabalho de nos apresentar. E foi assim até ele pegar suas malas e dizer que tínhamos que ir embora. Andamos muito até a estação de trem, Anthony sempre com o passo apressado e pedindo que eu fosse mais rápida para não chegarmos atrasados.
– Bem que você podia me ajudar a levar a mala agora. – Reclamei enquanto arrastava minha mala.
– Me dá isso aqui. – Ele respondeu rindo e puxando-a das minhas mãos. – Você é muito mole mesmo, se faz de durona mas no fundo não passa de uma garotinha indefesa.
– Eu não me faço de nada, Anthony. – Ele riu e nós ficamos em silêncio por um tempo. – E o Hillel e o Flea?
– Já devem estar em Michigan, com essa sua lerdeza toda. – Respondeu rindo.
Chegávamos à entrada da estação, mas estávamos tão distraídos irritando um ao outro que só percebemos que os meninos nos esperavam quando chegamos ao guichê para comprar as passagens. Eles foram se aproximando de onde estávamos e Hillel me abraçou.
– Estava com saudades. – Falei sorrindo.
– Eu também. Desculpa não ter ido buscar você. Também não sabia que íamos mais cedo. Sua mala deve estar pesada, né?
– Ah não, tudo bem. Anthony carregou para mim. Sabe, ele até que pode ser útil às vezes. – Anthony e eu nos entreolhamos e rimos. Desfiz o sorriso assim que olhei para Hillel. Ele não parecia nada confortável com aquilo.
– E aí, slim. – Disse Anthony. Hillel apenas balançou a cabela em resposta e me beijou enquanto Flea reclamava, dizendo que precisávamos comprar as passagens logo.
De passagens compradas, tínhamos apenas que esperar o trem. Eu estava nervosa, nunca havia feito algo desse tipo, mas eu precisava tirar essas coisas da cabeça, afinal eu estava indo para me divertir. Estava muito frio naquela madrugada e lembrei que tinha levado vários casacos, mas estavam todos ao fundo da mala.
– Que droga, vou congelar aqui. – Reclamei.
– Você não trouxe nenhum agasalho, Maggie? – Perguntou Hillel.
– Trouxe, mas estão no fundo da mala. Se eu mexer vai desarrumar tudo.
– Toma aqui. – Disse Anthony jogando sua jaqueta jeans em cima de mim.
– Não precisa disso cara, ela fica com o meu. – Respondeu Hillel, jogando-a de volta com força.
– Falou, então. – Disse Anthony se deitando no banco da estação.
Algum tempo depois finalmente nosso trem chegou e corremos para nos acomodar. Guardamos as malas e procuramos bons lugares. Bom, dentro de algumas horas estaríamos em Michigan e eu sabia que de algum modo essa viagem seria inesquecível.