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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Capítulo 5 - These are the melancholy mechanics of my mind

Anthony estava sentado de frente para o balcão da cafeteria e eu estava a sua frente. Conversávamos tão animadamente que eu cheguei a esquecer com quem eu estava falando.
Lily não parava de nos olhar. O que só podia significar, é claro, que Anthony não queria mais nada com ela.

— Lily não para de olhar pra cá. Viu, é nisso que dá ser tão filho da puta.

— Ei, também não é assim. Não gosto interesseiras. — disse Anthony olhando-a.

— O que quer dizer?

— Ela quer ser atriz. Não é que eu ache estúpido, porque eu também quero. Mas ela esperava que eu conseguisse algo pra ela. Só porque uma ou duas pessoas que ela já viu fazer algo grande estão na minha casa pra comprar drogas ela acha que eu posso conseguir de tudo.

— Quer ser ator? — Acho que soei um pouco mais surpresa do que realmente estava.

— Sim, eu quero. Eu não nasci ter uma "profissão séria". Eu gosto de arte. Quero uma vida cheia de diversão, riscos ou qualquer coisa que não me prenda a monotonia.

— Eu só sonho em viajar o mundo, ver tudo que ele tiver pra mostrar. O lado bom e o ruim. Eu acredito que isso vá me amadurecer bastante. — respondi sonhadora, tomando o resto do semi-descafeinado que estava em minhas mãos.

— Você é madura, muito madura pra sua idade, eu acho. Pra onde pretende ir primeiro?

— Acho que pra Alemanha, visitar o Castelo de Neuschwanstein. — Suspirei levemente e sorri.

Anthony me olhava curioso e eu me perguntava no que ele estaria pensando. Mas logo deixei isso de lado e lembrei-me da primeira vez em que vira uma foto do castelo. Eu tinha mais ou menos 13 anos e estava em Seattle, na casa de minha avó, no dia de seu enterro. Papai mexia nas coisas dela sobre a cama tinha uma pilha de cartas e em meio a elas um cartão postal amassado e desbotado. Peguei-o com cuidado e olhei para a imagem. Um imenso castelo cercado de pinheiros. Virei o cartão e a mensagem dizia:
"Sei o quanto gostaria de estar aqui, querida. Espero te ver em breve.
Com amor, P."
Nunca soube quem era P, nem meu pai parecia saber. Mas isso não importava. A partir daquele dia decidi que o primeiro lugar que eu visitaria no exterior seria lá. Não sei o quanto aquilo era importante para ela, mas faria do mesmo jeito, em sua memória.
Eu não sabia se estava distraída demais ou se acontecera muito rápido mas quando percebi Lily estava parada ao lado de Anthony, o observando.

— Pois não? — perguntou ele, sorrindo.

— Vão querer mais alguma coisa? — disse ela, seca.

— Não, obrigado. Eu e a megs temos muito o que fazer, não é? — disse Anthony acariciando minha mão que estava sobre a mesa.

Eu me perguntava que tipo de jogo ele estava querendo jogar. Provocar uma garota com quem não quer sair não é uma coisa muito inteligente a se fazer. Principalmente se ela pode foder com a vida de seu pai. Lily ficava cada vez mais irritada e agora encarava a mão de Anthony ainda sobre a minha.

— Ah, sim. Tenho que levar o Anthony para reabilitação antes que ele morra de overdose. — ironizei.

— Engraçadinha. — disse ele após bagunçar minha franja. — Com licença. — disse à Lily.

Nos levantamos e Anthony deixou o dinheiro sobre a mesa.

— Aquilo foi estupidez da sua parte. Não precisava agir assim com a garota.

— Aposto que ela acha que estamos saindo. — disse Anthony soltando uma risada.

Por um breve momento eu havia esquecido como Anthony era. Ele estava me fazendo de boba e louca, hora fazendo adorá-lo, hora odiá-lo. Era frustrante.

— Tudo bem, já passei a tarde inteira de aturando. Será que posso ir pra casa agora? — Perguntei irritada.

— Ta bom. Até parece que foi um castigo, nossa. Mas aproveito e falo com Hillel.

Já eram seis e quinze da noite e eu já deveria ter feito a janta. Estava irritada por Anthony ter agido daquela forma. Por que justamente quando começo a gostar de quem você é, resolve se mostrar um imbecil de novo, Anthony Kiedis?

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